segunda-feira

Tanha - A Sede de Existência


Trêmulos de medo, por toda parte procuram os homens um esconderijo: nas montanhas e nas florestas, nos jardins e sob as árvores consagradas.
Não há por aí, porém, esconderijo seguro. Não é ai o supermo refúgio. Não é nesse abrigo que se encontra o livramento de toda dor.
Aquêle que procura refúgio no Buddha, na Lei e na Comunidade dos fiéis, vê, com os olhos da Ciência Perfeita, as quatro Verdades sublimes:
A Dor, a Origem da Dor, a Libertação da Dor e a Via de oito ramos que conduz à Liberação da Dor.
Eis um seguro refúgio. Eis o refúgio supremo. Eis o refúgio em que se encontra o livramento de toda dor.

Qual a raíz do Mal? A cobiça, o ódio, a ilusão são a raíz do Mal.
Qual a raiz do Bem? A renúncia à cobiça, ao ódio, à ilusão é a raiz do Bem.
Não há fogo que se compare à paixão, prisão que se compare ao ódio, grilhão que se compare à agitação do espírito, torrente que se compare à cobiça.
Não há fogo que se compare à paixão, desgraça igual ao ódio, sofrimento semelhante ao da existência individual.
Nenhuma felicidade é maior do que a paz de espírito.

No homem que não zela pela sua conduta,, a cobiça trama como a liana. Ei-lo que erra, daqui, dali, como numa floresta um macaco em busca de um fruto.
Os que assim se entregam à paixão seguem um caminho que eles próprios criaram, como tece a aranha sua própria teia. Os sábios, rompidas as amarras, abraçam a vida religiosa, e de então em diante nada mais os inquieta, nem mais se preocupam com o amor e o prazer.

Este mundo mergulha nas trevas. poucos homens enxergam alguma coisa. Poucos se atiram ao céu como um pássaro que se livrou do laço.
Os gansos selvagens seguem a rota do Sol; galgam os ares graças ao seu poder sobrenatural. Graças à sua vitóra sobre o Mal, assim se elevam os sábios acima dos morais.

Sobre todo presente prevalece o presente da Lei; sobre toda doçura da Lei; sobre toda alegria, a alegria de possuir a Lei. A extinção da paixão destrói todo sofrimento. Cortai pela raíz toda floresta dos desejos: não uma árvore apenas. Quando tiverdes cortado a floresta toda, só então permanecereis sem desejos.
Para esse que chegou ao fim, que, salvo de aflições, se libertou completa e definitivamente, que se desfez de quaisquer peias, para esse a Dor não mais existe.

A êsse pelo qual resvalam os gozos como a água pela folha do lótus, ou o grão de mustarda pela ponta de uma agulha - a êsse eu chamo de sábio.
A êsse que, rompida tôdas suas amarras, livre de tudo, não se ressente de temor algum - a êsse eu chamo de sábio.
A êsse que sobre a terra sabe pôr termo à dor, que depôs seu fardo, que de tudo se desligou no mundo - a êsse eu chamo um sábio.

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